sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Fringe.

Obs.: Depois de um ano. Revivendo esse blog, que tenho certeza, nunca construirei um igual. Foi aqui que conheci: Renata. Hally. Natália. Pamela. Lupus. Giovane.. 

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Outubro. 

E o tempo, pobre tempo. Mostrou-se a mim, muito agitado, em tão pouco tempo, mudei ao máximo. Nunca pensei que tudo iria mudar de forma, e a mim próprio, tudo estaria tão diferente.

De diversos amigos, que agora os tenho, nas ruas da cidade, na praça, em algum evento. Sempre estou com alguém, sempre estou rindo. Algumas paixões aqui, outras por lá. Um estágio para começar na semana que vem, e tão simples foi conseguir. Ramon Assis, aquele que há tanto tempo atrás, era tão inconsequente, exagerado. Que muito queria, e só besteira fazia. E hoje, quando nada quer, tudo vem em suas mãos, trazidas pelo vento ou algum desejo qualquer. Aquele que imaginava a morte, tão expressiva e de pouca sorte. Agora só pensa no dia-a-dia. Onde cada dia, é um dia qualquer. 

Ambição que agora surge. Planos construidos e os primeiros passos dados. 

Engraçado que tudo mudou, quando enfim acreditei ter falecido. Só assim os pensamentos se foram e deixaram uma página em branco para ser preenchido. 

Fumarás demais? Sim, talvez. Embora há dois meses minha boca já tenha esquecido o gosto rude da nicotina. 

A verdade, é que o mundo sempre aparece pela minha janela como um capitulo de um livro. Os anos negros já se foram. E hoje, nesse dia de chuva, pude ler tudo  o que escrevi, nessas semanas que se passaram. E rindo das loucuras, ou tratanto com seriedade alguns requicios, pude enfim jogar tudo fora. 

Só assim percebi, que sem mais nem menos, tudo mudou para mim. Procurei um livro para ler, e o único que tenho, encontrei essas palavras... puro veneno:

"Poucos dias depois morreu... Não morreu súdito nem vencido. Antes de principiar a agonia, que foi curta, pôs a coroa na cabeça - uma coroa que não era, ao menos, um chapéu velho ou uma bacia, onde os espectadores palpassem a ilusão. Não, senhor; ele pegou em nada, levantou nada e cingiu nada; só ele via a insignia imperial, pesada de ouro, rútila de brilhantes e outras pedras preciosas. O esforço que fizera para erguer meio corpo não durou muito; o corpo caiu outra vez; o rosto conservou porventura uma explosão gloriosa.

_ Guardem a minha coroa - murmurou - Ao vencedor...

A cara ficou séria, porque a morte é séria; dois minutos depois de agonia, um trejeito horrível, e estava assinada a abdicação."

Quincas Borba - Machado de Assis. (que aliás, foi o unico livro que alguém já me deu. Rebanho de filho da puta)

Em algum momento, levantei a minha taça imaginária, e atravessei a minha própria fronteira. Encontrei o Fringe, e então seguí em frente. Mesmo sentindo, que nada disso tem sentido. Mas enfim, cansei de me importar. Os passáros voam, sem ao menos pensar.

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Post mó tosco.

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Julgamento na Caverna - Parte 1

Acordei abruptamente após um sonho ruim. Não lembro mais como foi o sonho. Isso não importa, o que importa é saber aonde eu estou.

É tão umido esse lugar... tão denso.. tão, tão assustador.
As paredes escuras, rudes e umidas. O teto tão denso quanto a noite. Este piso de areia gelada, com seus pedregulhos que destroçaram as minhas unhas.
Neste momento estou calmo, meu caro leitor. Apenas neste momento, porque horas atrás me chamava desesperado. Acordei de um sonho ruim e apenas avistei a escuridão. Chamei por todos, e por tudo. Arranhei minhas unhas nestas paredes ensopadas. Depois tropecei, cair de barriga e apenas fiquei mudo.

Com os olhos fechados, mergulhado na escuridão da minha vida. Amedrontado e confuso. Respirava o cheiro de terra molhada. Então na escuridão do meu ser, avistei uma luz intensa avermelhada. Esta luz crescia sem parar, com certeza iria me cegar. Ela aos poucos foi tornando-se roxa e tomando todo o espaço em volta a minha escuridão. Depois se tornou um azúl da cor do céu. Aos poucos foi surgindo nuvens, arvores, terras e um rapaz que corria entre as gramas altas. Esse rapaz era eu. Eu corria até o meu encontro. Eu parou em minha frente. Eu me perguntou, com um sorriso ironico:

"Quem é você?"

Se ele que sou eu não sabia então como eu que sou ele poderia saber?
Apenas soltei um "Ah!" que pareceu vagar por todos os lados.
Fiquei lá atônito, olhando para o meu ser. O odiava e o amava.

Então alguém segurou meu ombro, e derrepente todo aquele campo esverdeado desapareceu e voltei para a caverna escura.
Na escuridão, virei para trás. Quem me tocara?

Um velho, tipico dos contos de fadas, fumando seu habitual cachimbo sorriu para mim.
Então passou seu cachimbo para mim.

"Não, obrigado, parei de fumar"

Ele continuou mudo, com seu sorriso que parecia uma faca a me cortar. Odeio sorrisos ironicos. Sempre denunciam que a pessoa sabe algo de nós que ainda não sabemos.

"Quem é você?" Perguntei.
Ele soltou uma baforada. Estava sentado sobre uma pedra baixa e larga.

"Quem é você?" Ele perguntou.
Então sumiu. Logo percebi que a escuridão estava menos densa. O mundo aos poucos estava se desvendando.
Então lembrei de flashes do meu sonho. Não eram sonhos, e sim lembranças ruins da minha vida. Lembranças que fiz de tudo para esquecer. Mas o passado nunca se esvai, e a história de um homem não é só formado por coisas boas.
Sentei na pedra onde o velho estava, e peguei o cachimbo que ficara lá. Comecei a fumar, e recapitular a minha vida. Eu estava perdido na caverna da minha história, e compreendi que só sairia dali depois de saber definitavamente, a mais insurportável das questões: Quem sou eu?

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Sala de aula.

Não! Não! Como você pode ser tão hipocrita. Como é tão deprimente ver esta sua boca aberta de tanto espanto, fingindo viver um momento de pura perplexidade, acreditando com todas as suas forças que eu sou louco.
Você garota, que se espanta com esses meus atos incomuns, porém naturais, você garota, que tem milhões de pensamentos insanos, que apenas pensa em consumir, você que contribui com o seu consumo para a desenfreada procura por mão de obra barata, você garota que pede para o seu namorada colocar o pênis em tudo o que é lugar. Não! Não! Não demonstre essa espressão para mim. Como você é nojenta.

Mas não se preocupe garota, eu não te direi nada, apenas continuo fingindo que sou doido, apenas sigo o seu jogo, porque é até excitante esse joguinho. Você é o rato sabia? Eu te manipulo. Você apenas serve de um brinquedinho para mim, um simples objeto que comprove que eu sou melhor que você. Eu sou hipocrita também garota, todo mundo aqui é hipocrita. Neste momento eu te odeio, mas daqui há alguns segundos tudo voltará ao normal. Esquecerei essa sua expressão, voltarei a te enchergar com aqueles olhos. Te darei balas, e pedirei um lápis emprestado. É para isso que serve os colegas, o colégio, e alguns amigos. Servem apenas para hipocrisar. Fingimos abertamente, descaradamente. Fingimos sabendo que todos sabem que estamos fingindo. É totalmente reciproco, por isso totalmente aceito. Não podemos nos julgar pelo fato de fingirmos. É normal.

Estou no fundo da sala, como sempre, aonde pessoas que não aguentam hipocrisia constante ficam. Você está ai na frente, olhando para trás, como essa boca de vagabunda. Todos estão olhando para mim agora, e pouco me importa isso. Acho engraçado como as pessoas fazem questão de demonstrar o quanto as suas vidas são insignificantes, se preocupando e fazendo inferno de fatos tão idiotas. Ah, no momento apenas quero ir para casa, entrar no blog da rezitcha, e refletir um pouquinho só.
No momento o fardo é pesado demais, preciso sair daqui, desse inferno de adolescentes que se acham adultos. Desses idiotas que acreditam que o vestibular é a coisa mais importante que acontecerá em suas vidas. Como são nojentos! Eu vou ser esmagado, é dificil não ser hipocrita. Sou um hipocrita apenas por necessidade, quando não o sou, o mundo se torna pesado demais para mim. Somente estes cinco segundos que você olha para mim com essa boca de vaca, foi o suficiente para te odiar e me odiar. Esqueça, não olhe mais para mim, apenas quero chegar em casa, ler e descansar. Apenas quero estar em algum lugar onde não exista hipocrisia. Apenas quero respirar.

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Uhu! Aquele tipo de post que as pessoas odeiam ler, e que eu insisto em publicar.
Primeiro, não escrevo para vocês, e sim para me exorcizar. Segundo, não sou nenhum adolescente depressivo, ao contrário, alegre até demais. Apenas faço das palavras um cantinho onde sinto um pouco o sabor da realidade. Tive um dia insurportável e ironico. Eu fiz besteria na sala, não importa o que foi, só perdi pontos de comportamente por isso, fui tentar ser natural. Sem delongas: Vê se não enche o saco.

terça-feira, 12 de agosto de 2008

O assaltante

Já havia se passado várias horas desde que, em pleno meio dia, um grupo de adolescentes resolveu assaltar o Banco Itaú. Trouxeram apenas alguns fuzis, coisa que ninguém sabe aonde conseguiram. Mas vamos aos fatos. Neste momento K. está com seu fúzil colocado na boca de um cidadão, enquanto lá fora dezenas de policiais negociam alguma solução para este caso incomun.

No momento eu sou um expectador desses acontecimentos, infelizmente ou felizmente, dependendo de como vai terminar isso aqui, eu acabei decidindo ir ao banco. Claro que nunca passaria na minha cabeça que adolescentes iriam entrar aqui e apontar armas sobre a minha cabeça.
Mas pouco importa. Não ache estranho você, que eu esteja relativamente calmo para quem está numa situação dessas. Eu lhe explico o porque: Esse K. me fascina! Não é o dinheiro que o faz ele e seus amigos assaltarem este banco, e sim a oportunidade de abrir os olhos do mundo. Ele é meu herói. Mesmo estando esse K. com um fúzil em minha boca, eu o considero meu herói.
Há poucas horas atrás eu o odiava, e junto com ele eu odiava toda a sociedade, que com seus meios acabam por criar pessoas como esse K. que só pensa em dinheiro, dinheiro e mais dinheiro. Mas em um certo momento K. começou a falar de algo que me impressionou...

"Porque eu não posso fazer isso? É errado fazer o que faço? O que é errado? Ah, parecem ignorantes! Policiais matam por prazer, pessoas matam por prazer! Eu sou louco? Quem aqui nunca teve vontade de pegar uma metralhadora e sair lascando com tudo, ou até mesmo achar um Death Note? Porque vocês acham que a Assótia do Sul está em chamas? Economia? Dinheiro? Países não comem suas próprias fezes para economizar, eles matam para ganhar dinheiro, mas apenas porque eles sentem prazer em matar e não perdem a chance de poder fazer isso, usando como sua auto-desculpa o fato de que é o futuro do país que está em jogo! Ah meu Deus! Não, não! O que eu faço é errado? Ainda não acabei com ninguém aqui, apenas assustei vocês, mas quem sabe do futuro?"

"Eu sou um filho bom, embora seja por puro fingimento, mas meus pais acham que eu sou um filho bom. Eu sou um aluno bom! Eu ainda estudo meus amigos, e não preciso de dinheiro, e não estou aqui por dinheiro. Estou aqui porque acordo e vejo nas noticias: Geórgia, Russia, guerra e guerra. Eu não suporto isso! Esse fingimento todo! Ah, pois tenho amigos leais, faço parte de uma geração que acabou por se acostumar com tudo isso aqui! Somos os filhos dos pós-guerras. Somos filhos do 11 de Setembro. Pois bem, eu venho aqui para abrir os olhos de vocês, o que tá acontecendo aqui? Me respondam? Porque todos vocês sonham com algo e fazem das suas vidas o oposto? Melhor, melhor! Me respondam, porque um chinês esfaquiou um casal de americanos, e depois se matou? Ele não era louco, eu não sou louco! Apenas quero que me respondam, aliás respondam se quiserem, apenas pensem! Agora eu me calo! E digo, termino com tudo isso aqui apenas quando me responderem! E não usem o nome de Deus, ou qualquer tipo de injuria, respondam apenas colocando vocês no lugar daquele chinês!"

E assim ele falou. Depois de um tempo, sem encontrar respostas para as suas perguntas, teve uma crise de sei lá o que, e agora está com esse fuzil em minha boca. Eu só sei que ele é fascinante, e ele conseguiu abrir meus olhos, e nada importa para mim agora.
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Devaneios insaciáveis de uma mente sem fim---Assiris

sábado, 9 de agosto de 2008

e-mail

Recebi um e-mail.

"Hoje eu acordei sobre uma certeza, tenho cancer cerebral.
Hoje eu acordei sobre uma certeza, seis meses de vida.
Hoje eu acordei feliz."

Uma garrafa de Vodka por favor!
Só quero beber, não quero pensar. Como ela pôde? Me contar assim, e ainda se sentir feliz? Pelo amor de Deus! Vodka! Domus! Qualquer coisa por favor!
Foda-se, foda-se!

"Preciso de você hoje. Apenas você, quem seria melhor para estar ao meu lado, quando encontro a felicidade? Hoje, preciso de você hoje."

Porque não ir na contramão? Que merda, que porcaria, porque fazer isso! Porque não se chocar contra um desses farois? Porque você não atirou logo em minha cabeça, mas preferiu me envenenar com um e-mail? Porque você ainda quer me ver?

"Você entenderá a minha felicidade. Espero por ti. Te amo."

Meu amor me embebeda, não a vodka. Nunca vou entender, porra. Porra! Se sua senteça é a sua felicidade, ela é a minha desgraça! Porque não atirou logo porra! Mas pode deixar eu mesmo acabo com isso!

Vroooommmm, druooonnnnhhhhhhg.







Obs.:Ela já tinha cometido o suicidio antes dele. Deixou duas cartas sobre a mesa:

1° " Para K.: Eu aceito seu pedido de casamento, ele será realizado no céu, Deus será o nosso padre, e os anjos nossas testemunhas, e o amor a nossa salvação.

2° "Para o resto: Podem me usar como audiencia."

quinta-feira, 31 de julho de 2008

Dias incompreendidos

Ela pousou sobre mim aquele olhar irônico e interrogador, seus lábios tremulos denunciavam que queria dizer algo, mas prefiriu calar-se, ou então não tinhas forças para falar. Esperava apenas por alguma resposta por toda aquela confusão. Eu não queria responder a nada.

Ele circulava pela sala, por vezes olhava para mim. Seus passos era leves, por vezes pesados, alguns apressados, outras vezes indicavam o seu estado reflexivo.

Toda aquela agitação e olhares estupefatos me incomodava. Eu continuava ali, deitado no sofá, com os braços cruzados, olhando para o vazio de uma casa, esperando apenas alguma sentença, que por via considerava exagerada. Pois o que aconteceu foi nada demais, algo absolutamente normal. Não entendo porque as pessoas apenas se importam com o que está nas fronteiras de sua família. Pois o que aconteceu neste lar, já ocorreu em vários outros, e ninguém tratou isso com tanta pertubação.

Ele saiu da sala, mas logo voltou, trouxe até a sala, rastejando, uma cadeira de cozinha. Colocou-a em frente ao sofá, sentou-se nela e passou a olhar para mim.
Ela soltava lágrimas.
Sentiria o quê nesse momento? O fundo dos seus olhos diziam haver ali amor, medo e desespero.
Cada respiração presente naquela sala era distinta. Uma calma e serena, outra ansiosa, e por fim a da mulher, que sempre vinha acompanhada por soluços e suspiros.

_ O que espera da vida? Me diz? - Dizia o homem, com os olhos fechados como se estivesse imaginando a resposta - Esqueceu de sua família? Esqueceu que existe responsabilidades?

_ Esquecer? Impossivel esquecer, é o que tento sempre, mas não consigo, se tivesse esquecido nada disso teria acontecido, pois o que fiz foi apenas para esquecer tudo isso.

Ela sentou-se na cabeçeira do sofá, um gesto dela me colocou sobre arrepios, sua mão pousava sobre o meu rosto, e murmurava palavras.

_ E agora meu filho? E agora?
_ E agora mãe, que continuaremos com a vida normal, afinal o que mudou? Nada mudou.
_ Mudou sim, você que é tonto e não percebe, você é doente?
_ Não mudou nada. - Insistia eu.

Ele se agitou, colocou as mãos sobre a cabeça, soltou gemidos de fúria e desespero. Depois desceu da cadeira e ajoelhou-se em minha frente, mas dizia palavras que não se referiam a mim, ele pedia algo, pedia a Deus. Não entendo, não compreendo, porque olhar para cima, onde só existia o teto, Deus? Não compreendo, não compreendo.

Não compreendo tudo isso, toda essa vida e esse mundo. Não compreendo as pessoas, que por muitas vezes não conseguem compreender nada.
Parecem surdas, mudas, cegas e sem tato, parecem que vivem por um proposito menor, sem destinção do que é real ou não.
Tento e quero esquecer tudo isso. Acho que somos uma geração onde tudo se desenvolveu rapidamente, de uma forma que nem nossos pais conhecem as respostas, portanto os filhos passam a viver perdidos, desde o momento que aprenderam a pensar e questionar.

_ Não tenho respostas pai, não tenho, e acredito que Deus também não tenha.

O silencio brotou ali, naquela sala. Todos olharam para mim, mas sem aquela ironia. Todos compreendiam, pois ali, todos são almas perdidas em uma vida perdida de um tempo perdido.

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Devaneios insaciáveis de uma mente sem fim --- Assiris

Esse post teve problemas com a fonte, comente no post acima, q é o mesmo...

Ela pousou sobre mim aquele olhar irônico e interrogador, seus lábios tremulos denunciavam que queria dizer algo, mas prefiriu calar-se, ou então não tinhas forças para falar. Esperava apenas por alguma resposta por toda aquela confusão. Eu não queria responder a nada.

Ele circulava pela sala, por vezes olhava para mim. Seus passos era leves, por vezes pesados, alguns apressados, outras vezes indicavam o seu estado reflexivo.

Toda aquela agitação e olhares estupefatos me incomodava. Eu continuava ali, deitado no sofá, com os braços cruzados, olhando para o vazio de uma casa, esperando apenas alguma sentença, que por via considerava exagerada. Pois o que aconteceu foi nada demais, algo absolutamente normal. Não entendo porque as pessoas apenas se importam com o que está nas fronteiras de sua família. Pois o que aconteceu neste lar, já ocorreu em vários outros, e ninguém tratou isso com tanta pertubação.

Ele saiu da sala, mas logo voltou, trouxe até a sala, rastejando, uma cadeira de cozinha. Colocou-a em frente ao sofá, sentou-se nela e passou a olhar para mim.
Ela soltava lágrimas.
Sentiria o quê nesse momento? O fundo dos seus olhos diziam haver ali amor, medo e desespero.
Cada respiração presente naquela sala era distinta. Uma calma e serena, outra ansiosa, e por fim a da mulher, que sempre vinha acompanhada por soluços e suspiros.

_ O que espera da vida? Me diz? - Dizia o homem, com os olhos fechados como se estivesse imaginando a resposta - Esqueceu de sua família? Esqueceu que existe responsabilidades?

_ Esquecer? Impossivel esquecer, é o que tento sempre, mas não consigo, se tivesse esquecido nada disso teria acontecido, pois o que fiz foi apenas para esquecer tudo isso.

Ela sentou-se na cabeçeira do sofá, um gesto dela me colocou sobre arrepios, sua mão pousava sobre o meu rosto, e murmurava palavras.

_ E agora meu filho? E agora?
_ E agora mãe, que continuaremos com a vida normal, afinal o que mudou? Nada mudou.
_ Mudou sim, você que é tonto e não percebe, você é doente?
_ Não mudou nada. - Insistia eu.

Ele se agitou, colocou as mãos sobre a cabeça, soltou gemidos de fúria e desespero. Depois desceu da cadeira e ajoelhou-se em minha frente, mas dizia palavras que não se referiam a mim, ele pedia algo, pedia a Deus. Não entendo, não compreendo, porque olhar para cima, onde só existia o teto, Deus? Não compreendo, não compreendo.

Não compreendo tudo isso, toda essa vida e esse mundo. Não compreendo as pessoas, que por muitas vezes não conseguem compreender nada.
Parecem surdas, mudas, cegas e sem tato, parecem que vivem por um proposito menor, sem destinção do que é real ou não.
Tento e quero esquecer tudo isso. Acho que somos uma geração onde tudo se desenvolveu rapidamente, de uma forma que nem nossos pais conhecem as respostas, portanto os filhos passam a viver perdidos, desde o momento que aprenderam a pensar e questionar.

_ Não tenho respostas pai, não tenho, e acredito que Deus também não tenha.

O silencio brotou ali, naquela sala. Todos olharam para mim, mas sem aquela ironia. Todos compreendiam, pois ali, todos são almas perdidas em uma vida perdida de um tempo perdido.

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Devaneios insaciáveis de uma mente sem fim --- Assiris
 
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